quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Um verdadeiro encontro de motociclistas

Na matéria “Motociclismo, uma paixão pra lá de centenária”, publicada em 31 de janeiro deste ano apresentamos um pouco sobre a história do motociclismo no Brasil e no mundo, desde a construção da primeira motocicleta e do surgimento dos motoclubes aos eventos motociclísticos.
Vimos que desde então os encontros de motociclistas acontecem durante todo o ano, geralmente nos finais de semana, nas mais diferentes cidades brasileiras. Trata – se de uma verdadeira confraternização entre motociclistas que carregam os mais diversos escudos/brasões, cujo o objetivo é, primeiramente a oportunidade de pegar a estrada, para posteriormente reencontrar os amigos, curtir o bom e velho Rock in roll e brindar a vida.
Assim sendo, todos os encontros poderiam ser iguais, mas não são. Eles se diferenciam pela qualidade da organização, pelo acolhimento, pela estrutura do espaço onde é realizado, pela prática de preços justos ou abusivos no comércio das barracas e até mesmo pela presença de “motoqueiros”, denominação dada aos que ignoram o verdadeiro espírito motociclístico.
Um evento motociclístico que nos permite usar como exemplo de um excelente encontro aconteceu no último final de semana (7 e 8 de novembro), na cidade mineira de Monsenhor Paulo. 



Primeiramente o evento foi amplamente divulgado por seus organizadores Peaga, Betão e Luizão nas redes sociais e por meio de panfletos e outdoors. Foi massiva a propaganda do 1º Rock’n Road Motor Bikers – Monsenhor Paulo. Isso é fundamental para os motociclistas saberem dos hotéis disponíveis, das condições do Camping e como chegar ao evento, nota 10 para os organizadores.
Saímos na manhã de sábado, céu parcialmente nublado, temperatura excelente. Fizemos nossa primeira parada para tomar nosso habitual capuccino no Posto Super Tigre em Varginha e depois de 124 km de viagem tranquila chegamos ao pequeno e acolhedor município. Depois de fazermos chekin no Hotel Veredas, único na cidade, mas com ótima estrutura, nos dirigimos ao local do evento.























O espaço físico era espetacular, um clube na cidade com enorme área verde, lagoa, com um amplo ginásio coberto onde os motociclistas armaram suas barracas, com banheiros masculinos e femininos limpos, palco com área coberta e uma pequena arquibancada para a apresentação das bandas, barracas de acessórios, roupas, alimentação, bebidas.  Pela estrutura física do espaço e sua organização o evento merece mais outras notas 10.
Mas não para por aí. Desde a chegada, já na portaria fomos muito bem recebidos. Pagamos uma importância simbólica (a saber, há eventos que cobram valores absurdos) cuja parte da renda será revertida ao Hospital da cidade. É o motociclista fazendo uma ação filantrópica, coisa que todos apoiamos com gosto. Lá dentro tudo muito bem organizado, de cara já reencontramos nossos queridos amigos/irmãos de estrada.






E assim começou a confraternização. Depois de muitos reencontros, muitas fotos, do reconhecimento do espaço, almoçamos por um bom preço uma comida deliciosa ao som do nosso querido companheiro “Da Igreja”, figura prá lá de conhecida dos eventos. Canta um Tim Maia como só o próprio, entre outros rocks maneiros.




E aos poucos foram chegando de todas as localidades, motociclistas, com suas máquinas das mais diversas cilindradas e marcas, coletados ou não, mas com o verdadeiro espirito da irmandade motociclística. Muitas bandas para subirem ao palco e fazerem a festa com a galera nestes dois dias: Plágio, Rates, Ozz Rocks, Doomsday, Mr. Zé, Rural, Contratempo, Os mamutes e D’Kings. A locução ficou por conta de Peagá e um outro companheirão e conhecido da galera motociclista: Salomão da Família 2 rodas.





















Dentre as barracas de alimentação, uma merece destaque: um casal pra lá de gente fina, Marlene e Alemão, de Lindóia vendem a mais saborosa batata frita e o mais delicioso suco natural de laranja. Quanto à qualidade dispensa comentários (a saber no famoso Moto Capital de Brasília, venderam nada mais nada menos que 3 toneladas de laranjas e mais de 300 kg de batata)






Apesar de nuvens escuras e um pouco de chuva, a festa foi espetacular. O empenho dos organizadores valeu a pena e fizeram deste evento um exemplo a ser copiado em todos os outros. Se continuarem com a mesma receptividade e excelente organização, Monsenhor Paulo, além de cidade família se tornará a cidade do motociclista. Que venha o 2º Rock’n Road Motor Bikers – Monsenhor Paulo.









domingo, 18 de outubro de 2015

Um mergulho na História do Brasil Colonial

          Em outubro, semana do saco cheio, que para quem não sabe é uma semana de recesso escolar adotada por vários colégios e universidades no Brasil  entre os feriados de Nossa Senhora Aparecida (12) e o dia dos professores (15), nos deparamos com a dúvida: para onde ir? Buscamos algumas sugestões de roteiros interessantes, mas foi num evento motociclístico em Campo Belo que conhecemos um casal de Juiz de Fora, que nos falou de um lugar legal (Conservatória – RJ) que chamou minha atenção. Pesquisei o local e região e pronto o roteiro estava montado.
            Decidimos sair no dia 14, com destino a Santa Rita de Jacutinga, a 32 km de Conservatória – RJ, e cidade onde se localiza a Fazenda Santa Clara, palco da novela Terra Nostra, objetivos maiores de nossa viagem.





            A viagem foi maravilhosa, saímos não muito cedo, apesar de feriado as estradas estavam muito tranquilas, quase sem trânsito. Após 304 km estávamos em Santa Rita de Jacutinga. Feito o chekin na Pousada O Meu Canto, fomos fazer o reconhecimento da cidade.
            Santa Rita de Jacutinga é uma pequena cidade da Zona da Mata mineira, com aproximadamente 5000 habitantes, conhecida como a cidade das cachoeiras, 72 pra ser mais exato. Possui uma Igreja Matriz com sua deslumbrante arquitetura, e a capela de Nossa Senhora Aparecida, popularmente conhecida como a igrejinha do alto.



















            Possui nos seus arredores várias fazendas antigas, sendo uma delas a Fazenda Santa Clara, antiga fazenda da época da escravidão que mantém até hoje sua arquitetura original além de muitas curiosidades, um passeio que fizemos e recomendamos.
            Apesar de seu elevado potencial turístico, a cidade não possui muitas opções de empresas de passeios
turísticos, nem muita infraestrutura. Mas como “quem tem boca vai a Roma”, buscamos as informações necessárias e aproveitamos bem os dias em que estivemos lá.

            Primeiro fomos a Conservatória - RJ. A cidade, hoje um charmoso distrito do município de Valença cujas diversas histórias justificam a origem do nome, sendo que a mais corriqueira diz que o lugar era conhecido como "Conservatório dos índios Araris", um lugar de excelente clima e protegido por montanhas, onde os Araris se recolhiam para se recuperar de doenças que dizimavam as tribos e local no qual resolveram se instalar definitivamente.
            A prosperidade e riqueza vieram com a expansão da cultura do café, que utilizou largamente o trabalho escravo. As centenárias construções da vila, em estilo colonial, algumas do século XVIII, até hoje preservadas, evidenciam sua origem e algumas, inclusive, ainda ostentam telhas de época, feitas na coxa dos escravos. As ruas principais mantêm as pedras de pé-de-moleques originais da construção. O estilo colonial inspirou e serviu de cenário para vários romances famosos novelescos como Escrava Isaura, O Feijão e o Sonho, Sinhazinha Flô, Cabocla, Aquarela do Brasil, entre outros.






            A prosperidade econômica do final do século XIX deu início à outra tradição na vila: a das serenatas - a música cantada sob o sereno -, que hoje atraem mais de mil pessoas a cada fim-de-semana para a cidade, vindas dos mais diversos recantos do país e do exterior.  Um dos grandes motivadores da tradição da música na cidade é o Museu da Seresta, que tem o maior acervo de músicas de serestas do país - e um dos maiores do mundo -, criado pelos irmãos Joubert e José Borges.
            Porém uma curiosidade: a cidade só funciona nos finais de semana.  Tem uma programação cultural intensa, o ano todo, mas somente em finais de semana.
            De lá fomos a Valença, uma cidade pertencente à região do Vale do Café. A cidade em si não tem muitos atrativos, porém as curvas e paisagens por quais passamos são de uma beleza inenarrável.








            Como não conseguimos uma agencia de turismo para nos conduzir até a Fazenda Santa Clara, cujo acesso é estrada de terra, fomos e voltamos de taxi. Pra mim foi o ponto alto do passeio, um mergulho na história de um Brasil que nunca ouvimos falar nas aulas de História.
            A fazenda Santa Clara é uma propriedade rural com 6000 m² de construção que data do início do século XIX.  Fundada por Francisco Tereziano Fortes de Bustamente e construída pelas mãos de escravos, hoje pertence aos descendentes de João Honório, um deles D. Adélia, uma senhora que com muita propriedade nos apresenta a Fazenda e dá uma aula de História jamais vista. Deve ser uma das maiores construções coloniais rurais ainda existentes. Curiosamente possui 365 janelas (algumas falsas), 52 quartos, 12 salões, uma capela, um terreiro de café, senzala, masmorra, um mirante e outras dependências apropriadas. A masmorra foi concebida com solidez tal que impedisse fugas. No mirante, construído para vigiar a propriedade do alto, foi instalado um grande relógio alemão, fabricado em 1840 e ainda funcionando, o primeiro com números indo - arábicos. Segundo fontes por ela passaram mais de 2800 escravos. A fazenda foi utilizada como cenário dos seriados de televisão "Abolição", veiculado em 1988, e da novela "Terra Nostra", exibida em 1999.
            Segundo D. Adélia foi “tombada” pelo patrimônio Histórico, mas pelas condições foi realmente para tombar e ir ao chão, pois esse tesouro da nossa história se não tiver um sério investimento ruirá.









           



















         














              Como já tínhamos concluído nosso objetivo, pegamos a estrada mais uma vez, com destino a Cruzília, berço da raça do cavalo Manga-larga Marchador, conhecer o seu Museu e obter mais um carimbo do Passaporte Estrada Real. A viagem novamente foi maravilhosa, a estrada era nossa! Paramos no Mirante do Pacau, de onde se avista uma linda cachoeira do mesmo nome e um antigo túnel ferroviário. Logo chegamos a Cruzília, fomos direto ao museu onde carimbamos o passaporte e depois de um delicioso almoço com direito a sobremesa de mousse de abacaxi, voltamos pra casa, super felizes com o maravilhoso passeio fonte de lazer, conhecimentos históricos e novas amizades com a turma do “Flashbrega” do Rio de Janeiro.

           













        Para saber mais:


domingo, 16 de agosto de 2015

Minas, terra de história, arte e encantos mil...

            Minas Gerais tem muitos encantos, seja pela natureza exuberante,  pelas cidades hospitaleiras, históricas ou modernas.  Quando falamos em cidades históricas logo nos vem a mente Ouro Preto, Mariana,  Diamantina e principalmente Tiradentes e São João del Rei.
            Realmente, essas duas últimas são destinos extremamente charmosos que nos remetem ao passado com seus casarões, ruelas, Igrejas e todo um clima apaixonante. Tivemos várias oportunidades de estarmos lá, seja na volta de outras viagens, um ponto de descanso, seja em encontro de motociclista e até mesmo viagem programada para curtirmos as cidades.
            A primeira vez que fomos de moto a São João del Rei foi em 2011, num encontro de motociclistas. Entre tantas andanças em meios a ruas estreitas, Igrejas belíssimas, museus, um ponto nos chamou a atenção: a Estação Ferroviária Oeste de Minas, considerada a primeira ferrovia de Minas Gerais.  Foi lá que descobrimos num antigo vagão um fotógrafo que fazia um book de fotos de época. Foi uma maravilha sair andando pela estação vestidos com roupas de 1910 e pousar para mais de 50 fotos.


Almoço em São João del Rei em 2011

Ensaio fotográfico de época


Barão e Baronesa de 1910
      A segunda vez, em 2013, retornando de Petrópolis, e procurando um ponto para descanso, resolvemos pernoitar em Tiradentes.  Foi a primeira vez que ficamos na Pousada São José da Serra, uma excelente dica de hospedagem: simples, aconchegante e próxima ao centro. À noite entre tantas opções de bares e restaurantes, bebemos nossa cerveja no bar “Conto de Réis”, pequeno, mas muito agradável. Em 2014, em plena copa do mundo, fomos ao famoso “Bikefest”, um grande evento que reúnem amantes do motociclismo, stands de motos, museu de motos antigas e muitos shows e outras atrações.

Pousada top

Bar Conto de Réis

Requinte e simplicidade


            








Descontração total no Bikefest em 2013


        










            


Porém, foi num encontro de motociclistas em 2013 que descobrimos que nesta mesma região mineira, próximo a Tiradentes e São João del Rei há outros tesouros históricos, pequenas cidades também antigas, charmosas e cada uma com sua particularidade interessante: Prados, Coronel Xavier Chaves,  Resende Costa e Lagoa Dourada.


Prados é berço de muitos inconfidentes e nasceu juntamente com Tiradentes e são João del Rei. Possui muitas lojas de artesanato de todos os tipos, mas destaca – se a madeira. Algumas das festividades  que atraem os turistas são o Boi Mofado, o Carnaval, a Semana Santa, a Festa do Pradense Ausente, o Passeio a Serra e o Festival de Música entre vários outros. Quem visita esta pequena e aconchegante cidadezinha na época de suas festas, sai deslumbrado com tanta animação, entusiasmo e cultura.




Vista do alto de Prados

Ladeira com casarões antigos

Centro histórico

Pelas ruas de Prados


           






Carimbo para o passaporte 

Casinha de adobe

Passaporte em 2015


       
Coronel Xavier Chaves se desenvolveu a partir de uma antiga fazenda pertencente ao Coronel Francisco Rodrigues Xavier Chaves pertenceu a Tiradentes e Prados e desde que emancipou – se  vem se revelando como uma ótima opção de turismo na região. Suas antigas construções, a paisagem natural, o artesanato de pedra e a hospitalidade de sua gente atraem visitantes e turistas de várias partes do País. Em setembro acontece o famoso Festival Internacional de Escultura em Pedra.






Praça com esculturas

Igreja de pedra

História e fé

Estrada Real





Resende Costa também é um charme e especializou – se na arte têxtil. Basta entrar na avenida principal e você encontrará uma sequência de lojinhas que vendem todo tipo de produto em arte têxtil: redes, colchas, conjuntos americanos, almofadas, mantas, tapetes, bonecos de tecido, etc. Também há boas opções de bares e restaurantes, todos simples mas aconchegantes.








Entrada de Resende Costa

Lojinhas típicas

Um mimo 

A noite na Pizzaria





          








       











































        Nossa última aventura nesta região, já em 2015 foi a Lagoa Dourada. Possui a maior pecuária leiteira da Região do Campo das Vertentes e é famosa pela produção de rocamboles, o pão-de-ló recheado com doce de leite, vendido em vários estabelecimentos. Os moradores também são habilidosos na produção de licores, vinhos e outros doces caseiros, que agradam o paladar de todos os turistas. 




Em São Sebastião da Vitória

Carimbo no Passaporte

Pousada nota 10

Experimentando o famoso rocambole


A riqueza de Minas Gerais, historicamente, sempre esteve associada à abundância de ouro e pedras preciosas da região, que fez muita gente deixar suas cidades para o trabalho nas minas em busca de melhoria de vida. Porém com o tempo ganhou outras riquezas também, que levou para a população de algumas cidades um meio de subsistência. A arte e o artesanato, frutos de mãos habilidosas e muita criatividade foi uma opção para quem não queria se arriscar no perigo das minas. E assim adotaram a arte e o artesanato como um dos pilares de sua economia, como Prados, com o povoado encantado do BichinhoCoronel Xavier Chaves com seus trabalhos em pedra, Resende Costa, que se especializou em arte têxtil e Lagoa Dourada na fabricação do famoso rocambole.
            Com a desculpa de buscar mais um carimbo para nosso Passaporte da Estrada Real fizemos outras viagens para essa região e com certeza ainda voltaremos muitas outras, porque, como diz  Fernando Pessoa “Para viajar basta existir.”