A semana Santa é um período reservado
à reflexão, à oração, além de um feriado. E para os Estradeiros da Serra
feriado é sinônimo de pegar a estrada. Então surgiu o desafio: unir estrada e
fé. Numa breve pesquisa descobrimos que
muitas cidades mineiras apresentam belíssimas encenações dos passos da paixão
de Cristo, entre elas Congonhas. Eleito o destino, tínhamos pela frente quase
300 km, passando por muitas localidades da Estrada Real: Carmópolis de Minas,
Entre Rio de Minas, Desterro de Entre Rios e São Brás do Suaçuí.
Saímos de Boa Esperança por volta
das 9h e tivemos uma viagem tranquila chegando ao nosso destino às 13h. Nosso
Hotel “Colonial” melhor localizado
impossível: ao lado do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, cartão postal da
cidade. Feito o check in, fomos fazer o primeiro tour de reconhecimento e
buscar maiores informações sobre a cidade.
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Na estrada |
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Parada para um café - São Brás do Suaçuí |
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Entrada de Congonhas |
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Hotel Colonial - Saída de reconhecimento |
O nome Congonhas vem do tipo de vegetação encontrada nos
campos, uma planta que os índios chamavam Congõi, que em tupi significa "o
que sustenta, o que alimenta." Nada mais sugestivo. Situada num vale e
rodeada por imponentes montanhas a cidade hoje alimenta a alma dos que desejam
reviver uma época dourada. Congonhas se tornou um importante centro de
mineração e dela saíram grandes fortunas da época. As pepitas de ouro chegavam
a ter o tamanho de batatas, na famosa lavra chamada Batateiro. A cidade também
adquiriu fama na década de 60, em virtude das curas efetuadas pelo médium Zé
Arigó, que incorporava o espírito do médico alemão Fritz. Pessoas de todos os
lugares do Brasil e do mundo, desenganadas pela medicina tradicional,
convergiam para Congonhas em busca de cura. Até cientistas americanos da NASA
estudaram o fenômeno.
Patrimônio
Cultural da Humanidade pela Unesco em 1985, o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos é um conjunto arquitetônico e paisagístico localizado no
morro do Maranhão,formado por uma basílica, um adro com esculturas dos Doze Profetas e seis capelas que abrigam cenas da Paixão de Cristo representadas mediante conjuntos esculturais
esculpidos em cedro brasileiro no estilo Rococó. A fundação do santuário é
atribuída ao português Feliciano Mendes que, tendo adoecido gravemente, prometeu
construir um templo a Bom Jesus de
Matosinhos, como o que havia em Braga, sua terra natal, caso alcançasse a cura.
Tanto os profetas quanto as
esculturas das capelas são obras do Mestre Aleijadinho. Um fato curioso é que, os
12 Profetas, última obra de Aleijadinho, que já estava dilacerado pela
hanseníase e, para terminar o trabalho, contava com fiéis ajudantes, segundo
historiadores teriam em seus rostos o rosto dos inconfidentes mais ativos da
Conjuração Mineira. Assim, Abdias
seria Francisco de Paula Freire; Baruc,
Tomás Antônio Gonzaga; Ezequiel,
José Inácio Alvarenga Peixoto; Isaias,
Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes); Jonas,
Rego Fortes; Amós, Antônio Francisco
Lisboa, (Aleijadinho); Daniel, José
Alvares Maciel; Jeremias, Cláudio
Manoel da Costa; Joel, Salvador
Gurgel; Naum, Domingos Abreu Vieira;
Habacuc, Francisco Oliveira Lopes e Oséias, Domingos Vidal Barbosa.
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Do alto da ladeira |
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Vista da Basílica |
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Jardins das Capelas dos Passos |
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Passos do Calvário |
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Capelas |
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Vista panorâmica de Congonhas |
Visitamos também a Romaria, um
espaço construído na década de 30 que era uma
pousada de romeiros e, servia de abrigo aos milhares de fiéis que iam à cidade
de Congonhas participar da centenária festa do Jubileu do Senhor do Bom Jesus
que acontece todos os anos de 7 a 14 de setembro. Na década de 90,
restaurada a Romaria passou a abrigar uma grande estrutura destinada à
preservação da história, da cultura, das artes, do lazer e do turismo em
Congonhas, onde você pode encontrar: -
Extensão do Gabinete do Prefeito, Salão Nobre e Oficina de Arte, que também
serve de Sala de Exposições. -
Sede da FUMCULT, Loja de Souvenir do SERVASC (Serviço Voluntário de Assistência
Social de Congonhas), Auditório com 60 lugares - Museu de Mineralogia com salas para
estudos e pesquisas, Museu Sacro e Museu da Memória e uma sala dedicada à
cidade portuguesa de Matosinhos. Numa das torres originais, logo na
entrada, encontra-se um posto de informações turísticas.
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Romaria |
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vista panorâmica do interior |
Ainda no centro histórico conhecemos
o Museu da Imagem e memória, muitas lojinhas com o artesanato local. Mas, o que
mais nos chamou a atenção foi sem dúvida a belíssima e comovente encenação da
semana Santa: as procissões, ao som das matracas
e o toque fúnebre das bandas de música relembram o cortejo de Jesus aprisionado.
Mais de 200 atores representaram as figuras bíblicas do Velho e Novo
Testamento. Na sexta à noite um dos pontos altos: a encenação paralitúrgica da
Crucificação de Cristo no Adro dos Profetas. Segundo dados da Polícia Militar,
cerca de 50 mil pessoas estiveram presentes às manifestações religiosas da
última semana em Congonhas. Durante a Semana Santa dos católicos, dez mil
cristãos assistiram à encenação da crucificação de Cristo, na Sexta-Feira da
Paixão, e cinco mil acompanharam a Missa da Ressurreição em frente à Igreja
Matriz de Nossa Senhora da Conceição. O restante da programação também foi
contemplado com boa presença de fiéis.
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Momento comovente da encenação |
E como não
poderíamos deixar de mencionar, durante todos os dias que estivemos lá fomos
muito bem servidos no Restaurante Casa
da Ladeira, qual recomendamos: ótima recepção pela proprietária Rosângela,
atendimento nota mil por Bruno, deliciosa comida, ambiente aconchegante e
localização estratégica, de frente para o Santuário. Ainda fomos gentilmente
presenteados por doces deliciosos. Quando forem a Congonhas não deixem de passar por lá.
No sábado da
Aleluia aproveitamos para conhecer um distrito de Ouro Preto: Lavras Novas, mas de tão legal é caso
pra outra matéria do Blog. Até lá.....
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Restaurante Casa da Ladeira |
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Aconchegante e muito bom atendimento |
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