Vislumbrando
o feriado de Corpus Christi, começamos a “terrível” tarefa de procurar um
destino para mais uma aventura dos Estradeiros. Após algumas buscas decidimos
fazer a Rota do Vinho, destino este conhecido por meio da minha querida amiga de
São Bernardo, Zélia Gatti. Traçada a rota, seriam aproximadamente 500 km até
São Roque, município distante 60 Km da capital de São
Paulo, com vias de acesso pelas rodovias Raposo
Tavares e Castello
Branco.
A cidade de São Roque foi fundada em 1657 e
recebeu esse nome devido a devoção do seu fundador a este santo. A cidade serviu como parada de bandeirantes que desciam o Rio Tietê e teve
seu grande impulso de crescimento com a chegada dos imigrantes italianos e
portugueses, que iniciaram a plantação de vinhedos, tornando a vitivinicultura
umas das principais atividades econômicas da cidade.
Partimos bem cedinho no dia 20 de
junho, quinta feira. Tivemos a sorte do fluxo maior de veículos estar na pista
contrária e assim fomos tranquilos e solitários pelas rodovias Fernão Dias, Dom
Pedro I, Rodovia do Açúcar, Rodovia Dr.
Celso Charuri, Rodovia Raposo Tavares, entre outras, fazendo nossas habituais
paradas para um café, um lanche ou só mesmo para dar uma esticadinha e após
quase 8 horas chegamos ao nosso destino. O GPS desta vez foi “mui” amigo e não
vacilou por nenhum momento, nos levou certinho à porta do Hotel Villa Maior,
excelente hotel onde nos hospedamos por estes dias.
Tomamos um delicioso café numa cafeteria do Estância Supermercados e depois de descansar, tomar um bom banho fomos procurar um restaurante para o jantar. Encontramos uma Pubzinho superlegal, chamado MAD MAX Rock in Burger onde experimentamos uma deliciosa Quesadilla com Guacamole e um saboroso Chope artesanal, num ambiente agradável com música ao vivo de qualidade.
O despertar no dia seguinte nos
trouxe uma notícia muito triste: a morte de um grande amigo e compadre de
Antônio Carlos. Levamos um tempo para nos recuperar do susto e da negação. Dias
antes, quando pesquisávamos sobre o lugar e seus atrativos havíamos combinado
de comprar um bom vinho para este nosso amigo, enófilo (foi ele mesmo quem nos
explicou a diferença entre este é o enólogo e disse ainda que “um bom vinho
é aquele que se põe na boca e gosta”) com quem passávamos bons momentos com
prosa boa, relatos de viagens e “causos” da vida real. Diante do dilema da
distância, por estarmos de moto e muito abalados, decidimos continuar o nosso
passeio e fazer deste texto nossa última homenagem e despedida.
Ricardo Arnaldo Malheiros Fiuza, esposo, pai, jurista,
professor, escritor, jornalista e tantos outros adjetivos e complementos
insuficientes para descrever o grande homem e amigo com quem tivemos o
privilégio de conviver. Nos despedimos com uma citação de Fernando Pessoa, seu
entrevistado em um de seus livros, Conversa/entrevista com Fernando Pessoa, 2ª
edição de 2014: “O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na
intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas
inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”
Momentos agradáveis na varanda do seu sítio em B.E. |
Lançamento do livro biográfico de Nelson Freire em B.E. |
Autografando mais um de seus livros com os quais sempre nos presenteava. |
Apesar da dor em nosso coração, da
saudade já sentida, seguimos adiante. Fomos conhecer a famosa estrada do vinho,
motivo maior de nossa viagem. Por ela seguimos por seus 10 quilômetros
em meio a Mata Atlântica com complexos de gastronomia e
entretenimento através de restaurantes, vinícolas, adegas, destilarias,
cafeterias, chocolateiras e muito mais. Como eram muitas priorizamos as
imperdíveis: Vila Don Patto, Vinícola Goes, Vila Canguera, Destilaria Stoliskoff
e Quinta do Olivardo, a minha preferida! Todas com ambientes superagradáveis,
um visual deslumbrante e com muita coisa gostosa. Destaco aqui a culinária
portuguesa da Quinta do Olivardo com a Espetada Madeirense e o Pastel de Belém.
Com características genuinamente portuguesas, aguçou ainda mais a nossa lembrança
do amigo Ricardo que como ninguém amava Portugal país onde residiu por um tempo e
inclusive tinha cidadania. A capelinha da Quinta nos remeteu à Capela “Santa
Marinha” de seu sítio em Boa Esperança. Entre a degustação de vinhos e sucos de
uvas e muitas fotos concluímos esse roteiro.
VILLA DON PATTO
VILLA DON PATTO
VINÍCOLA GOES
VILA CANGUERA
STOLISKOFF
QUINTA DO OLIVARDO
No sábado, fomos
conhecer pontos turísticos da cidade: a Igreja Matriz de São Roque, que é a
maior igreja dedicada a este santo no Brasil, construída em 1935 e considerada como umas das
igrejas mais bonitas do Estado de São Paulo. As pinturas na parede e no
teto são dos artistas plásticos italianos, irmãos Gentili e os vitrais em
mosaico retratam a passagem da vida de São Roque. Lá rogamos a Deus paz e
conforto aos familiares de Ricardo e seu descanso eterno na luz. Conhecemos o
Ski Montain Park, um complexo de lazer excelente para toda família, com
diversas atividades: esqui, snowboard, tobogã, arco e flecha, arvorismo,
passeio a cavalo, patinação e teleférico e muito mais. Conhecemos a Brasital,
onde no passado funcionou umas das primeiras fábricas de tecelagem em São Paulo
fundada em 1890, sua importância pra São Roque é tão grande que chegou a
empregar 80 % da mão de obra disponível, as operações se encerraram em 1970. Atualmente
funciona como centro cultural que conta com biblioteca, oficinas culturais e
profissionalizantes e uma trilha ecológica não sinalizada, o conjunto
arquitetônico ocupa um total de mais de 9.000 metros quadrados. Andamos pelas ruas
movimentadas e com um comércio diversificado. A noite fomos comer e nos
deparamos com a Lanchonete WP Lanches bem próxima ao hotel que recomendamos,
pois além de ter um cardápio variadíssimo com inúmeras opções, tem um pessoal
de Montes Claros extremamente agradáveis e solícitos.
SKI MONTAIN PARK
SKI MONTAIN PARK
Igreja Matriz de São Roque |
Brasital - Antiga indústria têxtil hoje centro cultural |
Dia seguinte era hora de retornar. Tomamos café e pegamos a estrada de volta pra casa. Mais uma vez tivemos a sorte (que eu chamo de providência divina) de pegar as rodovias limpas e tranquilas, céu azul e GPS amistoso. Depois de 1.025 km estávamos em casa.
Não fosse
a tristeza da perda irreparável teria sido perfeito para nós, mas fica a dica
de um lugar super interessante para se conhecer.