sábado, 5 de dezembro de 2020

Sombra e água fresca na Represa do Funil

 


Você mora no sul de Minas? Está de bobeira em casa e gostaria de estar se divertindo? Aqui vai uma dica deliciosa para o verão de um lugarzinho pra lá de gostoso pra quem adora natureza, sombra e água fresca! A represa na ponte do funil oferece diversas formas de lazer, lá você encontra bares e restaurantes e, se deseja passar uma tarde agradável agora no verão é uma boa opção.

Nas minhas poucas andanças, nesse fim de ano de 2020, nas quais não se pode fazer muito devido à pandemia, me deparei com um lugarzinho agradabilíssimo às margens do Rio Grande, na Represa do Funil, próximo a Lavras. É o Chalé Vale dos Ventos Pousada Bar e Restaurante, localizado à 15 km de lavras e com acesso por estrada de terra.















Para quem deseja fugir da cidade e curtir a natureza, o lugar oferece diversos chalés para estadia, um bar e restaurante amplo que serve petiscos deliciosos e bebidas geladas, e a possibilidade de banho refrescante na represa. Somado a isso as pessoas que lá atendem, dos donos aos garçons e garçonete são extremamente gentis e atenciosos.

Ah, e sem contar que as medidas de segurança (protocolos de saúde) com relação à COVID – 19 são realizadas com eficiência.

https://www.tripadvisor.com.br/Hotel_Review-g635975-d5558359-Reviews-Vale_Dos_Ventos_Chales_e_Bar-Lavras_State_of_Minas_Gerais.html?m=19905

Telefone(35) 99979-1492


terça-feira, 8 de setembro de 2020

Amigas, cavernas e cachoeiras no setembro de 2020

 "Todos os dias quando acordo não tenho mais o tempo que passou, mas, tenho muito tempo, temos todo o tempo do mundo"

Tempo perdido, Legião Urbana

 

    Esse trecho da música do Legião Urbana trata-se de uma reflexão acerca da passagem inevitável do tempo e da condição efêmera da vida. E é a mais pura verdade.  Então, aproveitemos todo o tempo que temos sendo felizes. E o que mais deixa a Estradeira Solitária feliz é pegar a estrada.

            Agosto findando, feriado a vista, eu e as amigas resolvemos nos aventurar por aí. Deixaram por minha conta procurar possíveis roteiros e depois decidiríamos o destino. Mal sabiam elas que eu já tinha um destino em mente. Eu desejava retornar ao lugar onde eu e meu saudoso estradeiro havíamos passado o último Carnaval juntos. Elegi esse lugar como o ponto de partida de minha aventura, agora solitária. 

O lugar escolhido é Pains, conhecida como “Capital Nacional do Calcário”. Pains é uma pacata cidade localizada no Centro-Oeste de Minas Gerais, que se destaca pela enorme quantidade de cavernas na região, além do cinturão verde que se sobrepõe às rochas e revela paisagens exuberantes. É lá que também encontra - se o Museu Arqueológico do Carste do Alto São Francisco (MAC), primeiro museu do município e também o primeiro museu arqueológico de história indígena de toda a região do alto São Francisco. Seu acervo é composto por objetos de sociedades indígenas que viveram naquela região desde 11.000 anos atrás.

            Destino e rota traçados, buscamos um contato de guia para fazermos uma trilha rumo as cavernas do local. Contatei o Capitão Caverna que na impossibilidade de realizar o passeio conosco nos indicou o biólogo Lucélio Nativo. Conheceríamos as pinturas rupestres e cavernas, no sábado, e no domingo passaríamos o dia em cachoeiras no distrito de Santo Hilário, uma vilinha charmosa, pertencente ao município de Pimenta.

            Ansiosa por natureza, já na quarta – feira minhas malas estavam prontas. Reunimos nesse mesmo dia e combinamos os detalhes finais.

            Como de costume não preguei os olhos à noite e, às 5h já estava de pé. Pontualmente as meninas Helena, Sandra e Lidiani me pegaram às 6 h e 30 min. Dia lindo, céu azul partimos alegres para nossa aventura.

Chegando em Santo Hilário por Guapé

Ponte de Santo Hilário


            Em pouco menos de 2 horas chegamos a Santo Hilário onde paramos para um café. Demos um rápido passeio pelas ruelas até as margens do Lago de furnas. Retornamos à estrada para após uns 40 min chegar a Pains.

Parada para um cafezinho com pastel no Bar do Peixe, Santo Hilário

Fizemos chekin no Hotel Vale das Pedras e fomos para o MAC. Lá encontramos o Biólogo Celinho que iniciou a nossa primeira aventura. O Museu estava fechado, mas abriu gentil e especialmente para nos atender. A recepcionista do museu nos apresentou todas as salas e acervo explicando toda história do museu e dos artefatos, tudo seguindo os protocolos de segurança devido à Covide 19.

Parque Municipal Natural Dona Ziza, Pains MG
















Sala do MAC
Sala das cerâmicas - MAC

Cerâmica mortuária onde foi encontrada uma ossada feminina. 

Exposição de artefatos indígenas

A turma na entrada do Museu


          Em seguida fizemos o primeiro tour na mata que integra o Parque Municipal Natural Dona Ziza, que fica nos fundos do Museu. Numa caminhada curta de pouco mais de 1 km, o biólogo Celinho foi apresentando a vegetação, a formação do solo e muitas outras informações interessantes de forma bastante didática e bem humorada. Interessante conhecer como os vegetais se comportam e fazer analogias com a vida humana. Tem planta que é muito mais inteligente que certos seres humanos, tem muita gente que se comporta como a Aroeira do sertão (Myracundrum urundeuva), ao menos foi que concluímos.










Depois fizemos um lanchinho ali mesmo no parque e partimos para o sítio arqueológico PosseGrandes. Localizado entre os municípios de Pains e Arcos um enorme paredão apresenta um painel de pinturas rupestres com temas zoomorfos (animais) seguido de figuras abstratas e antropozoomorfas (características humanas e animais). Com cores vivas e predominando o vermelho, o amarelo e o branco elas podem ser interpretadas como representações ritualísticas de passagens do cotidiano de grupos caçadores – coletores que teriam ocupado a região entre 9000 e 7000 anos atrás. Aqui cabe uma importante observação: o local precisa ser devidamente estruturado de forma a preservar esse maravilhoso achado. Como não tem uma faixa de segurança o acesso a elas é livre e pode comprometer todo um conjunto de artefatos que podem estar ali enterrados e as próprias pinturas. Nos deparamos com um grupo de "Bos taurus", pisoteando todo o entorno.











Logo em seguida partimos para outra região, numa propriedade particular para conhecer a Gruta do Brega. Com acesso moderado, chegamos ao local e nos preparamos com alguns equipamentos de segurança. Já na entrada da Gruta nosso guia Celinho explicou sobre o que encontraríamos lá dentro e como deveríamos nos comportar. Sempre muito didático, ilustrando com histórias vividas, nos ensinou sobre a estrutura da gruta sobre os aspectos geológico, biológico e quimico, nos passou segurança e finalmente entramos. Essa gruta é enorme, possui três salões amplos, dos quais um deles tivemos que escalar auxiliados por uma corda. Encontramos uma aranha que não é aranha (Opilião), famílias de morcegos e muitos grilinhos (Endecous cavenicolus) que nos rendeu uma boa piada e muitos risos. Como sempre quem caiu na piada fui eu.


Nos preparando com equipamentos de segurança



Entrada da Gruta

Recebendo instruções e conhecendo a estrutura da gruta


Entre estalactites e colunas




Observando helectites



Alguns acessos se dão rastejando ou engatinhando




Escalando







Opilião "Goniosoma spelaeum"

 Ficamos maravilhadas com a beleza dos diversos “espeleotemas” encontrados: estalagmites, estalactites, helictites, pérolas calcíticas e muitos outros. Aqui também cabem duas importantes observações. Primeiramente nunca se deve entrar numa gruta ou caverna sem um guia devidamente capacitado. A observação de estratégias de segurança, mediante um verdadeiro conhecimento é de suma importância para uma visitação tranquila e com aprendizado. Aqui recomendo esse passeio a estudantes e amantes da natureza com o Biólogo e Espeleólogo Celinho que nos passou muita segurança. Outro ponto e tão importante quanto é conscientizarmos que aquelas maravilhas que ali vemos levam centenas e milhares de anos para se formar. Encontramos muitas estalactites quebradas, notadamente pela mão humana. A exploração sem o devido conhecimento e respeito destrói num segundo o que a natureza leva anos para constituir. O que sempre digo é que devemos conhecer para amar e amar para preservar.


Início de formação de um espeleotema

Pérolas calcíticas

Estalagmite

Gotejamento que produz o espeleotema

Ação da água

Ao final da exploração Celinho nos proporcionou uma experiência singular. Apagamos nossas lanternas e no breu total contemplamos o silêncio e fizemos cada uma um agradecimento por aquele momento e aquela conexão. Foi sublime. Ainda vimos com a ajuda de uma luz ultra violeta colônias de bactérias que ainda estão sendo estudadas pela Universidade Federal de Lavras numa das paredes calcíticas de um tipo de calcário. E no caminho de volta ainda fomos presentedas com dois lindos Tamanduás Bandeiras tranquilos a procura de formigas.

Colonias de bacterias em estudo pela UFLA




Depois de um dia maravilhoso, antes mesmo de tomar banho, estavamos todas empoeiradas da cabeça aos pés passamos num barzinho para uma cerveja, um peixe e um tropeiro deliciosos! Depois, dormir que no dia seguinte teria mais aventura.

Manhã de domingo, após o café retomamos a estrada rumo a Santo Hilário para conhecer as cachoeiras. Dia lindo de sol e céu azul, parando e fazendo cliques, cantando sempre com muita alegria logo chegamos ao local de início das trilhas para as cachoeiras. Fomos logo na mais longínqua, a Cachoeira do Chapadão. Para nosso espanto a trilha se enquadrava na categoria “Hard”. Muita subida, trilha estreita e na ribanceira. Pelo caminho íamos encontrando pessoas indo e vindo que ora nos encorajavam, ora nos faziam querer voltar. Mas insistimos e tivemos a recompensa, um deslumbre de queda de 70 metros proporcionando um frescor e água gelada. Permanecemos ali curtindo, nadando e contemplando aquela maravilha por horas e depois retornamos para a Cachoeira Andorinha 1.



















A cachoeira Andorinha 1, menor, mas não menos gostosa não fossem uns sem noção que faziam da cachoeira e seu entorno a cozinha de suas casas. Faziam churrasco, comiam e nas águas lavavam suas vasilhas como se estivessem nas suas pias. Haviam fogões improvisados em pedras e muito lixo. Triste ver uma situação dessa. Permanecemos ali por algum tempo e em seguida fomos para Santo Hilário.



O vilarejo pertencente ao município de Pimenta é um charme. Minúsculo e as margens do lago de furnas de onde saem passeios de lancha e de Chalana, possui uma pousada, o bar do Peixe, o Restaurante Cantinho Mineiro e um Empório. Estava com um número maior de turistas uma vez que foi reaberto recentemente. Seguindo todas os protocolos, tomamos umas cervejinhas e comemos o peixe e depois de uma tarde maravilhosa de muita alegria, retornamos para Pains.  À propósito, nossa motorista não bebeu. Juízo é o que não nos falta!




Então, quase chegando à Pains, nossa motorista percebe um barulhinho incomum e ao reduzir para passar num quebra – molas o carro apaga. Depois de algumas tentativas de religar o carro percebemos que algo não estava certo. Dois mocinhos que passavam por ali nos ajudaram a encostar o carro e abrindo o capô vimos que faltava a tampa do radiador cuja água havia se esgotado. O jeito foi recorrer ao nosso guia e agora amigo Celinho que gentilmente nos arrumou um mecânico e nos levou ao hotel. Mas apesar do sinistro, nada nos tirou a alegria e nos deixou um aprendizado: vamos todas fazer um curso de mecânica básica e leitura das luzes do painel do carro!


Tomamos um banho e fomos a uma choperia traçar a estratégia do nosso retorno. Infelizmente, o passeio de Chalana que faríamos no dia seguinte foi frustrado.

Segunda de manhã Sandra acionou o seguro que em tempo hábil enviou guincho para o carro e taxi para nós. Almoçamos e ao chegar no hotel nosso motorista Juarez já nos aguardava. Viemos rindo de lá aqui, rememorando cada momento alegre que passamos nesse fim de semana. Valeu! Já não vejo a hora da próxima aventura da estradeira que se diz solitária, mas que nunca foi e nunca será! Porque quem tem amigos de verdade, tem tudo!

 ...

"E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar. Não tem tempo nem piedade nem tem hora de chegar. Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá, o fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar. Vamos todos numa linda passarela de uma aquarela que um dia enfim descolorirá."

Aquarela, Toquinho

 

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