quinta-feira, 27 de junho de 2019

Pelas estradas do vinho




São Roque - São Roque


            Vislumbrando o feriado de Corpus Christi, começamos a “terrível” tarefa de procurar um destino para mais uma aventura dos Estradeiros. Após algumas buscas decidimos fazer a Rota do Vinho, destino este conhecido por meio da minha querida amiga de São Bernardo, Zélia Gatti. Traçada a rota, seriam aproximadamente 500 km até São Roque, município distante  60 Km da capital de São Paulo, com vias de acesso pelas rodovias Raposo Tavares e Castello Branco.
            A cidade de São Roque foi fundada em 1657 e recebeu esse nome devido a devoção do seu fundador a este santo. A cidade serviu como parada de bandeirantes que desciam o Rio Tietê e teve seu grande impulso de crescimento com a chegada dos imigrantes italianos e portugueses, que iniciaram a plantação de vinhedos, tornando a vitivinicultura umas das principais atividades econômicas da cidade. 
            Partimos bem cedinho no dia 20 de junho, quinta feira. Tivemos a sorte do fluxo maior de veículos estar na pista contrária e assim fomos tranquilos e solitários pelas rodovias Fernão Dias, Dom Pedro I, Rodovia do Açúcar,  Rodovia Dr. Celso Charuri, Rodovia Raposo Tavares, entre outras, fazendo nossas habituais paradas para um café, um lanche ou só mesmo para dar uma esticadinha e após quase 8 horas chegamos ao nosso destino. O GPS desta vez foi “mui” amigo e não vacilou por nenhum momento, nos levou certinho à porta do Hotel Villa Maior, excelente hotel onde nos hospedamos por estes dias.















          
        Tomamos um delicioso café numa cafeteria do Estância Supermercados e depois de descansar, tomar um bom banho fomos procurar um restaurante para o jantar. Encontramos uma Pubzinho superlegal, chamado MAD MAX Rock in Burger onde experimentamos uma deliciosa Quesadilla com Guacamole e um saboroso Chope artesanal, num ambiente agradável com música ao vivo de qualidade.





            O despertar no dia seguinte nos trouxe uma notícia muito triste: a morte de um grande amigo e compadre de Antônio Carlos. Levamos um tempo para nos recuperar do susto e da negação. Dias antes, quando pesquisávamos sobre o lugar e seus atrativos havíamos combinado de comprar um bom vinho para este nosso amigo, enófilo (foi ele mesmo quem nos explicou a diferença entre este é o enólogo e disse ainda que “um bom vinho é aquele que se põe na boca e gosta”) com quem passávamos bons momentos com prosa boa, relatos de viagens e “causos” da vida real. Diante do dilema da distância, por estarmos de moto e muito abalados, decidimos continuar o nosso passeio e fazer deste texto nossa última homenagem e despedida.
            Ricardo Arnaldo  Malheiros Fiuza, esposo, pai, jurista, professor, escritor, jornalista e tantos outros adjetivos e complementos insuficientes para descrever o grande homem e amigo com quem tivemos o privilégio de conviver. Nos despedimos com uma citação de Fernando Pessoa, seu entrevistado em um de seus livros, Conversa/entrevista com Fernando Pessoa, 2ª edição de 2014: “O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”

Momentos agradáveis na varanda do seu sítio em B.E.












Lançamento do livro biográfico de Nelson Freire em B.E.

Autografando mais um de seus livros com os quais sempre nos presenteava.
            Apesar da dor em nosso coração, da saudade já sentida, seguimos adiante. Fomos conhecer a famosa estrada do vinho, motivo maior de nossa viagem. Por ela seguimos por seus 10 quilômetros em meio a Mata Atlântica com complexos de gastronomia e entretenimento através de restaurantes, vinícolas, adegas, destilarias, cafeterias, chocolateiras e muito mais. Como eram muitas priorizamos as imperdíveis: Vila Don Patto, Vinícola Goes, Vila Canguera, Destilaria Stoliskoff e Quinta do Olivardo, a minha preferida! Todas com ambientes superagradáveis, um visual deslumbrante e com muita coisa gostosa. Destaco aqui a culinária portuguesa da Quinta do Olivardo com a Espetada Madeirense e o Pastel de Belém. Com características genuinamente portuguesas, aguçou ainda mais a nossa lembrança do amigo Ricardo que como ninguém amava Portugal país onde residiu por um tempo e inclusive tinha cidadania. A capelinha da Quinta nos remeteu à Capela “Santa Marinha” de seu sítio em Boa Esperança. Entre a degustação de vinhos e sucos de uvas e muitas fotos concluímos esse roteiro.



                                                       VILLA DON PATTO



















VINÍCOLA GOES







VILA CANGUERA















STOLISKOFF


QUINTA DO OLIVARDO



















No sábado, fomos conhecer pontos turísticos da cidade: a Igreja Matriz de São Roque, que é a maior igreja dedicada a este santo no Brasil,  construída em 1935 e considerada como umas das igrejas mais bonitas do Estado de São Paulo. As pinturas na parede e no teto são dos artistas plásticos italianos, irmãos Gentili e os vitrais em mosaico retratam a passagem da vida de São Roque. Lá rogamos a Deus paz e conforto aos familiares de Ricardo e seu descanso eterno na luz. Conhecemos o Ski Montain Park, um complexo de lazer excelente para toda família, com diversas atividades: esqui, snowboard, tobogã, arco e flecha, arvorismo, passeio a cavalo, patinação e teleférico e muito mais. Conhecemos a Brasital, onde no passado funcionou umas das primeiras fábricas de tecelagem em São Paulo fundada em 1890, sua importância pra São Roque é tão grande que chegou a empregar 80 % da mão de obra disponível, as operações se encerraram em 1970. Atualmente funciona como centro cultural que conta com biblioteca, oficinas culturais e profissionalizantes e uma trilha ecológica não sinalizada, o conjunto arquitetônico ocupa um total de mais de 9.000 metros quadrados. Andamos pelas ruas movimentadas e com um comércio diversificado. A noite fomos comer e nos deparamos com a Lanchonete WP Lanches bem próxima ao hotel que recomendamos, pois além de ter um cardápio variadíssimo com inúmeras opções, tem um pessoal de Montes Claros extremamente agradáveis e solícitos.

SKI MONTAIN PARK













Igreja Matriz de São Roque

Brasital - Antiga indústria têxtil hoje centro cultural


































                 

Dia seguinte era hora de retornar. Tomamos café e pegamos a estrada de volta pra casa. Mais uma vez tivemos a sorte (que eu chamo de providência divina) de pegar as rodovias limpas e tranquilas, céu azul e GPS amistoso. Depois de 1.025 km estávamos em casa.

Não fosse a tristeza da perda irreparável teria sido perfeito para nós, mas fica a dica de um lugar super interessante para se conhecer.  

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Estradeiros na posse de Bolsonaro


           Estávamos nós num encontro motociclístico, onde encontramos um casal de amigos de longa data. Conversa vai, conversa vem, eles nos convidaram para irmos a Brasília assistir a posse presidencial. Estavam traçados destino e motivação da próxima viagem dos Estradeiros da Serra. De lá mesmo já saímos com o Hotel arrumado, última vaga!
            Seria a primeira viagem na nova máquina dos Estradeiros, uma Heritage Classic 2018. No domingo dia 30 saímos bem cedo com o propósito de encontrar nossos amigos em Campo Belo. No horário e local combinados chegaram eles, Isabel e Sabadini, vindos de Lima Duarte. Nos conhecemos na estrada em 2009 indo para um encontro em Alterosa e desde então mantemos amizade.

            Combinamos andar o máximo que pudéssemos enquanto houvesse luz e assim o fizemos com poucas paradas, uma em Córrego Dantas para almoçar e à tardinha chegamos em Paracatu onde pernoitamos no Lorde Hotel, que de lorde só mesmo o nome, rsrsrs.
































       Manhã seguinte após o café pegamos a estrada novamente, 270 km aproximadamente para chegar ao nosso destino. Passamos por algumas nuvens que ora iam a nossa frente, ora iam atrás da gente e outrora nos refrescou com seus pingos. Mais algumas paradas para hidratar, encontros com outros colegas motociclistas que também seguiam para o mesmo destino em grupo e logo chegamos ao destino final: Residencial Helio Rabelo, SCRN 716, bloco C Asa Norte.






            Depois de fazer reconhecimento dos apartamentos, muito bons diga – se de passagem, fomos almoçar no Extra e fizemos um tour sob forte chuva. Paramos no Shopping Brasília para procurar um local para nossa virada, o qual nos foi indicado por uma moça simpática e atenciosa do Restaurante Bom Tempero, mas ao chegar ao local as reservas já haviam se esgotado. Enquanto esperávamos a chuva passar, na portaria do “Coco Bambu”, encontramos o Nelson Barbudo, hoje Deputado Federal eleito pelo Mato Grosso com mais de 120 mil votos. Ele postava vídeos nas redes sociais em defesa de Bolsonaro e contra os corruptos. Tiramos fotos, conversamos e nos encantamos com ele, um senhor extremamente expansivo, brincalhão, com seu jeito simples e característico de produtor rural. Ele estava em conversa com outros colegas entre eles a Joice Hasselmann que havia acabado de sair e passar por nós mas não percebemos!







            O jeito foi passar a virada no apart mesmo, então passamos no mercado e compramos nossa ceia. Estávamos bem cansados para sair e virar a noite. Bebemos e comemos e brindamos à meia noite acolhendo o novo ano que nascia, com os corações cheios de esperança no novo governo que tomaria posse no dia seguinte.
            No primeiro dia do ano, após dar uma volta pela cidade e verificar o esquema de segurança nunca visto antes, optamos por um Uber que nos deixou na Rodoviária. Nos assustamos com a sujeira e desordem da mesma. Estava lotada de pessoas de todas as regiões do Brasil. Junto a essa multidão verde e amarela descemos a pé pela esplanada dos ministérios até a frente do Congresso Nacional. Nesse trajeto passamos por 3 revistas. Nos posicionamos de forma a ter uma excelente visão do desfile do Presidente quando este viria da Catedral subir a rampa do Congresso sendo recebido pelos então presidentes das casas (Câmara e Senado). Inicialmente o sol castigou um pouco, mas diante de tantos apelos São Pedro colaborou e algumas nuvens tomaram conta refrescando o ambiente. Foram horas de espera junto a muitos outros brasileiros otimistas, vestidos com as cores da Bandeira Nacional e muitas vezes abraçados ou envoltos a elas, gritavam em coro frases como “Nossa bandeira, jamais será vermelha!”, ou “Eu vim de Graça”, entre outros. Tão logo aproximava – se a hora do cortejo presidencial, a multidão aglomerada esperava ansiosa, acompanhando pelas redes sociais cada passo de Bolsonaro. Estávamos entre baianos, gaúchos, mineiros, paulistas e muitos outros de outros estados. E assim, com relativo atraso ele seguiu os passos da programação e desfilou no tradicional Rolls-Royce, junto com sua esposa, Michelle Bolsonaro e um dos filhos, Carlos Bolsonaro. Todo o percurso foi acompanhado por seguranças a pé, ao lado do carro, e os Dragões da Independência montados a cavalo. As pessoas gritavam, acenavam, tiravam fotos filmavam, foi uma emoção indescritível. Eu mesma nem consegui tirar foto assim que passou a 5 metros de nós, acenando emocionado para a multidão. Assim que desceu do carro, recebido pelos anfitriões ele subiu a rampa pelo tapete vermelho repetindo o ato pela trigésima oitava vez.  E a cerimônia prosseguiu, ficamos lá o máximo que pudemos até a revista das tropas, os tiros de canhão e o desfile da Esquadrilha da Fumaça. Estávamos exaustos e famintos, mas a emoção de presenciar um fato histórico de tamanha importância fez valer a pena o sacrifício. Retornamos à Rodoviária onde nos alimentamos e retornamos ao Apart. Dia seguinte bem cedo era hora de retornar.







          

























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Conforme o combinado saímos por volta de 7h e 30 min. Ao sairmos de Brasília abastecemos, tomamos café e seguimos viagem. Já em Paracatu paramos para almoçar na “Casa de Concessa”, uma parada obrigatória para quem passa por lá. O espaço é lindo, servem uma comida saborosa, café e ainda podemos tietar e tirar foto com a Concessa, uma artista que apesar de atuar a 20 anos ficou mais conhecida agora pelas redes sociais. Ela tem um canal no Youtube chamado Tecendo Prosa. Esbanja simpatia, carisma e alegria. Satisfeitos com o encontro seguimos novamente com poucas paradas até a tardezinha onde paramos numa cidadezinha mineira chamada Rio Paranaíba. A maioria das pessoas que nos atenderam foram extremamente gentis e acolhedoras, desde a mocinha da conveniência onde tomamos um café, ao pessoal do Hotel. À noite após um lanche na Pizza e Cia descansamos e dia seguinte retornamos pra casa realizados com a excelente viagem, sem percalços e a esperança de dias melhores renovada. Ao meio dia já estávamos em casa, já nossos companheiros chegaram depois das 17 horas. Mas com toda certeza, valeu a pena!