sexta-feira, 10 de abril de 2015

Uma viagem motivada pela fé


         A semana Santa é um período reservado à reflexão, à oração, além de um feriado. E para os Estradeiros da Serra feriado é sinônimo de pegar a estrada. Então surgiu o desafio: unir estrada e fé.  Numa breve pesquisa descobrimos que muitas cidades mineiras apresentam belíssimas encenações dos passos da paixão de Cristo, entre elas Congonhas.  Eleito o destino, tínhamos pela frente quase 300 km, passando por muitas localidades da Estrada Real: Carmópolis de Minas, Entre Rio de Minas, Desterro de Entre Rios e São Brás do Suaçuí.
        Saímos de Boa Esperança por volta das 9h e tivemos uma viagem tranquila chegando ao nosso destino às 13h. Nosso Hotel “Colonial” melhor localizado impossível: ao lado do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, cartão postal da cidade. Feito o check in, fomos fazer o primeiro tour de reconhecimento e buscar maiores informações sobre a cidade.



Na estrada

Parada para um café - São Brás do Suaçuí

Entrada de Congonhas

Hotel Colonial - Saída de  reconhecimento









            

























         



         O nome Congonhas vem do tipo de vegetação encontrada nos campos, uma planta que os índios chamavam Congõi, que em tupi significa "o que sustenta, o que alimenta." Nada mais sugestivo. Situada num vale e rodeada por imponentes montanhas a cidade hoje alimenta a alma dos que desejam reviver uma época dourada. Congonhas se tornou um importante centro de mineração e dela saíram grandes fortunas da época. As pepitas de ouro chegavam a ter o tamanho de batatas, na famosa lavra chamada Batateiro. A cidade também adquiriu fama na década de 60, em virtude das curas efetuadas pelo médium Zé Arigó, que incorporava o espírito do médico alemão Fritz. Pessoas de todos os lugares do Brasil e do mundo, desenganadas pela medicina tradicional, convergiam para Congonhas em busca de cura. Até cientistas americanos da NASA estudaram o fenômeno.

       Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco em 1985, o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos é um conjunto arquitetônico e paisagístico localizado no morro do Maranhão,formado por uma  basílica, um  adro  com  esculturas  dos  Doze Profetas e seis capelas que abrigam cenas da Paixão de Cristo representadas mediante conjuntos esculturais esculpidos em cedro brasileiro no estilo Rococó. A fundação do santuário é atribuída ao português Feliciano Mendes que, tendo adoecido gravemente, prometeu construir um templo a Bom Jesus de Matosinhos, como o que havia em Braga, sua terra natal, caso alcançasse a cura.
           Tanto os profetas quanto as esculturas das capelas são obras do Mestre Aleijadinho. Um fato curioso é que, os 12 Profetas, última obra de Aleijadinho, que já estava dilacerado pela hanseníase e, para terminar o trabalho, contava com fiéis ajudantes, segundo historiadores teriam em seus rostos o rosto dos inconfidentes mais ativos da Conjuração Mineira. Assim, Abdias seria Francisco de Paula Freire; Baruc, Tomás Antônio Gonzaga; Ezequiel, José Inácio Alvarenga Peixoto; Isaias, Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes); Jonas, Rego Fortes; Amós, Antônio Francisco Lisboa, (Aleijadinho); Daniel, José Alvares Maciel; Jeremias, Cláudio Manoel da Costa; Joel, Salvador Gurgel; Naum, Domingos Abreu Vieira; Habacuc, Francisco Oliveira Lopes e Oséias,  Domingos Vidal Barbosa.


Do alto da ladeira
Vista da Basílica


Jardins das Capelas dos Passos

Passos do Calvário

Capelas

Vista panorâmica de Congonhas


            Visitamos também a Romaria, um espaço construído na década de 30 que era uma pousada de romeiros e, servia de abrigo aos milhares de fiéis que iam à cidade de Congonhas participar da centenária festa do Jubileu do Senhor do Bom Jesus que acontece todos os anos de 7 a 14 de setembro. Na década de 90, restaurada a Romaria passou a abrigar uma grande estrutura destinada à preservação da história, da cultura, das artes, do lazer e do turismo em Congonhas, onde você pode encontrar: - Extensão do Gabinete do Prefeito, Salão Nobre e Oficina de Arte, que também serve de Sala de Exposições. - Sede da FUMCULT, Loja de Souvenir do SERVASC (Serviço Voluntário de Assistência Social de Congonhas), Auditório com 60 lugares - Museu de Mineralogia com salas para estudos e pesquisas, Museu Sacro e Museu da Memória e uma sala dedicada à cidade portuguesa de Matosinhos. Numa das torres originais, logo na entrada, encontra-se um posto de informações turísticas.


Romaria

vista panorâmica do interior




            Ainda no centro histórico conhecemos o Museu da Imagem e memória, muitas lojinhas com o artesanato local. Mas, o que mais nos chamou a atenção foi sem dúvida a belíssima e comovente encenação da semana Santa: as procissões, ao som das matracas e o toque fúnebre das bandas de música relembram o cortejo de Jesus aprisionado. Mais de 200 atores representaram as figuras bíblicas do Velho e Novo Testamento. Na sexta à noite um dos pontos altos: a encenação paralitúrgica da Crucificação de Cristo no Adro dos Profetas. Segundo dados da Polícia Militar, cerca de 50 mil pessoas estiveram presentes às manifestações religiosas da última semana em Congonhas. Durante a Semana Santa dos católicos, dez mil cristãos assistiram à encenação da crucificação de Cristo, na Sexta-Feira da Paixão, e cinco mil acompanharam a Missa da Ressurreição em frente à Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição. O restante da programação também foi contemplado com boa presença de fiéis.

Momento comovente da encenação

            E como não poderíamos deixar de mencionar, durante todos os dias que estivemos lá fomos muito bem servidos no Restaurante Casa da Ladeira, qual recomendamos: ótima recepção pela proprietária Rosângela, atendimento nota mil por Bruno, deliciosa comida, ambiente aconchegante e localização estratégica, de frente para o Santuário. Ainda fomos gentilmente presenteados por doces deliciosos. Quando forem a Congonhas não deixem de passar por lá.
            No sábado da Aleluia aproveitamos para conhecer um distrito de Ouro Preto: Lavras Novas, mas de tão legal é caso pra outra matéria do Blog. Até lá.....



Restaurante Casa da Ladeira

Aconchegante e muito bom atendimento

           



































O

terça-feira, 31 de março de 2015

Minas Gerais, em cada cantinho uma surpresa...

         Depois de uma breve pausa das viagens, neste sábado, 28/03 resolvemos pegar a estrada e visitar um casal de companheiros motociclistas que conhecemos num evento em Campanha. Fato curioso, mistérios que o motociclismo nos traz: poucos minutos de conversa no café da manhã, no hotel em que nos encontrávamos e nasceu uma bonita amizade. Continuaram as conversas por telefone até que surgiu a oportunidade de visita – los.
         Saímos por volta de 09h00min  da manhã, numa viagem tranquila, sem muito tráfego, fizemos uma paradinha no Graal de Perdões para um café. Encantamos-nos com seu Espaço Cultural muito bem elaborado em menção às cidades históricas mineiras: Diamantina, Ouro Preto, Mariana, Tiradentes e São João Del Rei. Fotos, história e objetos.´


Espaço Cultural do Graal

Entrada do Graal




          


















         Chegado ao nosso destino, Bom Sucesso, facilmente achamos a loja e casa do casal José Carlos e Zilma que nos receberam calorosamente. Bom sucesso é uma cidadezinha a 20 km da Fernão Dias, com pouco mais de 17.000 habitantes cuja economia se baseia na produção leiteira.  Refrescamo-nos com uma cervejinha de aperitivo,  nos fartamos num delicioso almoço  e depois de alguns minutos de sesta fomos conhecer a cidade. Andamos por uma larga avenida até a Igreja Matriz Nossa Senhora do Bom Sucesso, na Praça Benjamim Guimarães e conhecemos os principais pontos da cidade.

Chegando

Aperitivo antes do almoço

Igreja Nossa Senhora do Bom Sucesso











        





















        Foi nesse ínterim que o casal comentou sobre uma cidade vizinha conhecida como o primeiro povoado de Minas Gerais: Ibituruna. Isso aguçou nossa curiosidade. O casal gentilmente nos levou até lá. Foi um achado. Não havíamos sequer ouvido falar deste lugar.
Ibituruna é conhecida como o “Berço da Pátria Mineira",  foi o primeiro povoado fundado em Minas Gerais, em 1674, pelo bandeirante Fernão Dias Paes Leme. Este, ao transpor o Rio Grande, estabeleceu o arraial, deixando no local um marco (pedra que marcava a sesmaria – lotes de terra) até hoje existente e muito visitado pelos turistas. Segundo Diogo de Vasconcelos, Ibituruna significa "Serra Negra" e, para Martius, "Nuvem Negra". Em 1962, Ibituruna foi emancipada, passando à categoria de município.
A saber, existiram dois tipos de expedições no processo de colonização do Brasil: as entradas e as bandeiras. A primeira era apoiada pelo governo de Portugal, com a finalidade de expandir o território, compostas em sua maioria por soldados portugueses e brasileiros e antecedeu as bandeiras que se tratavam de iniciativas particulares visando a obtenção de lucro próprio, formadas por paulistas chamados de bandeirantes com suas famílias e agregados.
Fernão Dias Pais ficou conhecido como o “Caçador de Esmeraldas”. Integrou várias bandeiras – 1638, 1644, 1661 e em 1674, já com 66 anos, atraído pela lenda das esmeraldas de Sabarabuçu e a serviço da coroa,  deixou Guaratinguetá em São Paulo, seguiu rumo ao sertão e explorou a região mineira, durante sete anos. Foi quando Certamente, atravessou o rio Verde e o rio Grande, estabelecendo-se em Ibituruna, que, segundo o célebre historiador mineiro Diogo de Vasconcelos, seria "o primeiro lar da pátria mineira", e ali teria passado a estação chuvosa (de outubro a março). Veio a falecer com 73 anos nas margens do Rio das Velhas e reza a lenda com uma porção de pedras que acreditou serem esmeraldas e que na verdade eram turmalinas.
A cidadezinha é pequena tem sua arquitetura peculiar, mas transmite uma paz tão grande. Foi realmente um achado. Viagem com sabor de história... Adoramos... Fechamos a noite num aconchegante restaurante e brindamos o motociclismo.


Antiga Estação Ferroviária

Placa comemorativa

Marco da Sesmaria
Placa na entrada da cidade
Fernão Dias, o fundador da cidade




Brindando o passeio. Obrigada amigos...






domingo, 22 de março de 2015

Outono / inverno: duas estações e um Destino...


  O verão se despede e de mansinho vem chegando o outono. Uma brisa suave já se anuncia e a temperatura timidamente cai. A baixa temperatura nos remete a um passeio maravilhoso que fizemos ano passado à Vila de Monte Verde.
            Cravada na Serra da Mantiqueira a 1.600 metros de altitude, Monte Verde é um distrito de Camanducaia, de clima frio que oscila de 25º C à –10º C e estilo europeu como Campos do Jordão, semelhança que lhe conferiu o título de "Nova Campos do Jordão". 
              Era semana do "Saco cheio" -  para entender, no Brasil, este costume começou por volta de 1982 e foi uma invenção de estudantes universitários que já estavam cansados nessa época do semestre. O dia 12 de outubro é feriado de Nossa Senhora Aparecida e dia das crianças e logo em seguida vem o dia dos professores, em 15 de outubro. Os estudantes decidiram emendar essas datas e daí surgiu a semana do saco cheio. - a vontade de pegar a estrada era grande e resolvemos ir a Monte Verde. Como sempre fazemos antes de viajar, pesquisamos sobre o lugar, reservamos uma pousada, acompanhamos a previsão do tempo e chegado o dia D partimos. A viagem foi tranquila e chegando a Camanducaia pegamos uma estrada com um trecho muito sinuoso de subida de serra com paisagens deslumbrantes que valeram os 280 km.

Roda d'água na Fazenda que deu origem a Vila

Pulando na Pedra Redonda

Na trilha...
Eu em Sampa ele em Minas
Meu chaveirinho



Iniciando o passeio para a Pedra Redonda

Conhecendo o comercio
Patinação no gelo

Máquina a vapor que gerou energia para a Vila
            
Preparada para mais uma viagem

Inicio do trecho sinuoso de acesso a Monte Verde

Portal de entrada de Monte Verde

arquitetura típica de Monte Verde

            A história da pequena Vila que hoje é um charmoso destino turístico é interessante. Monte Verde se originou e cresceu quase que exclusivamente graças à iniciativa particular de seu fundador. Quando chegou à região, em 1938, Verner Grinberg encontrou aqui exatamente o que procurava: um lugar cujo clima e belezas naturais lembravam a sua terra natal na Letônia (então república da extinta União Soviética). Foi amor à primeira vista. Depois de comprar o primeiro lote e se mudar com a família, ele adquiriu mais terras e ampliou a fazenda que, mais tarde, viria a ser transformar na vila Monte Verde. O sobrenome da família deu o nome à cidade: “grin”, verde, e “berg”, monte. As belezas naturais da região chamaram a atenção de amigos, parentes e conterrâneos, que logo começaram a comprar lotes e a formar um povoado. A fazenda começava a se transformar em uma vila. 
            E a vila foi ficando cada vez mais famosa: tema de reportagens em revistas e jornais, Monte Verde era frequentemente comparada aos Alpes e exaltada pelas belezas naturais e pela tranquilidade que o local proporcionava. 
            Na década de 90, o aquecimento do turismo levou a um crescimento inevitável: hoje o acesso é fácil e a vila conta com uma ampla infraestrutura turística. Mas Monte Verde continua sendo um refúgio para quem busca a tranquilidade, a beleza natural e o clima romântico das montanhas recebendo em  2008 o título de melhor destino de inverno do Brasil e, em 2009, o título de cidade mais romântica na votação promovida pelo site Viajeaqui e revista Quatro Rodas, da Editora Abril.
            Hoje em Monte Verde você pode realizar vários passeios: a cavalo, moto, trenzinho, bicicleta, monomotor, quadriciclo, jipe, esportes radicais,  patinação no gelo, bugue, tudo para quem gosta de curtir a natureza, ar puro e um friozinho nota 10 com um delicioso chocolate quente ou um saboroso vinho. A cidade tem uma ótima infra-estrutura hoteleira, além de variadas lojas de chocolates, queijos e vinhos, sabonetes, malhas, artigos de lã, couro, sapatos, artesanatos, cerâmicas, estanhos, etc. Também uma vasta gama de restaurantes com comidas variadas desde comida típica mineira, como o famoso tutu de feijão e leitão a pururuca, além de trutas, comida alemã e fondues. O pinhão é um produto típico e muito saboreado por todos.
Iniciando o reconhecimento
Fondue, que delícia...




            Em Monte Verde encontramos também várias opções de trilhas: Pedra Redonda, Pedra Partida, Platô, Pedra Chapéu do Bispo, Pico do Selado. Entre tantas opções optamos pela Pedra Redonda que de todos os passeios pelas montanhas é, talvez, a que proporciona a vista mais bonita de Monte Verde (embora esteja a apenas 1990 metros de altitude, enquanto que os outros picos situam-se a mais de 2000). Atingir o seu cume exige um pouquinho mais de esforço: apesar da trilha ser curta, a subida tem trechos bastante íngremes, mas o trabalho compensa quando se chega lá em cima. Aí é só sentar, relaxar e ficar curtindo o visual e você pode ainda estar em dois estados ao mesmo tempo, pois encontra – se aí exatamente o ponto de divisa entre os dois estados: Minas e São Paulo.
            Apesar de tantos atrativos, encontramos algumas dificuldades de mobilidade para motocicletas estradeiras como a nossa. Apenas a avenida principal é pavimentada. As demais ruas adjacentes são de terra e cascalho. Porém nada disso diminuiu a beleza e a receptividade das pousadas nesta aventura em Monte Verde. Vale a pena conhecer, seja no inverno ou em qualquer outra estação, pois a sensação de paz e tranquilidade é gratificante.


Confirmando o Charme do lugar
Tomando um legítimo Chopp Alemão
Chalezinho da Pousada
Passeando pela venida principal
Deixando a nossa marca
Mirante: a caminho da trilha
Curtindo a nigth


Curtindo











           



terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

CAVALHADA: uma tradição secular no Carnaval

    Sempre que rumamos a um destino de moto, no retorno temos por hábito entrar nas cidades que beiram as rodovias, para conhece – las. Normalmente vamos até a praça central, tiramos umas fotos, paramos em uma lanchonete pra um lanchinho, conversamos com moradores para saber mais sobre a cidade e se achamos legal colocamos na agenda para uma visita próxima.
            Numa dessas viagens, retornando de um Encontro Motociclístico,  em Passa Tempo, resolvemos adentrar numa pequena cidadezinha que eu já havia ouvido falar por ter tido colegas de faculdade de lá. De cara gostei da paisagem da estrada que nos leva a cidade: estrada boa, muito verde e logo na entradinha uma ponte muito estreita sobre o Rio Jacaré. Combinamos de voltar outro dia.
            Trata- se de SANTANA DO JACARÉ, uma cidadezinha encravada no alto do Rio Grande, na região sudoeste de Minas Gerais, conhecida por suas tradicionais festas religiosa. Com apenas  107,445 km²  de área, Santana do Jacaré possui uma posição geográfica privilegiada, que liga a região do Sul de Minas a duas das três principais capitais da Região Sudeste (212 km de Belo Horizonte e 410 km de São Paulo), tendo como municípios vizinhos Perdões, Cana Verde, Campo Belo, Candeias, Santo Antônio do Amparo e São Francisco de Paula. O município conta com uma população de aproximadamente 4 613 hab. (Censo IBGE/2010) e como muitas cidades do interior das Minas Gerais, nasceu do pouso de tropeiros e desbravadores, nas margens do rio Jacaré, fazendo surgir a primitiva paragem "Mata do Jacaré". Assim teve início, num período entre 1750 e 1789, a história do pequeno povoado do "Mato do Jacaré de Tamanduá". Em 28 de setembro de 1887, a lei provincial de número 3442, elevou o distrito à freguesia. Nessa ocasião o povoado aparece com a denominação de Santana do Jacaré, em homenagem talvez, à sua padroeira Sant'Ana.
Chegando em Santana do Jacaré

Entrada da cidade

Praça da Igreja de Nossa Senhora de Sant'Ana

Igreja do Rosário

            Porém, uma curiosidade nos chamou a atenção neste lugar. Ouvimos dizer que na época do carnaval, acontece em Santana do Jacaré a centenária CAVALHADA (de domingo à terça-feira). Trata – se de uma encenação de origem portuguesa que representa os torneios e as batalhas medievais entre cristãos e mouros, em especial a batalha do século VI, onde Carlos Magno, um guerreiro Cristão travou uma batalha épica contra os sarracenos, de religião islâmica, pela defesa de um território. Logo após a encenação, vem o momento mais esperado da tarde, a disputa entre todos cavaleiros por sorteio para retirada da bandeira do Brasil. O cavaleiro precisa acertar a ponta de sua lança num anel de 10 cm de diâmetro que segura a bandeira do Brasil no alto de 3 metros. A retirada da bandeira é o momento alto da festa. Em 2015 a cavalhada completa 109 anos no município. 
           Vestidos a caráter em trajes medievais, os cavaleiros, vestidos de azul representado os cristãos e de vermelho representando os mouros e, armados de lanças e espadas, doze cavaleiros de cada lado da batalha encenam o torneio em um campo de futebol, onde em todo o seu perímetro desenvolvem coreografias muito bem ensaiadas que arrancam aplausos do público munícipes e visitantes. O entusiasmo é tão grande que há torcidas e apostas em dinheiro em qual cavaleiro vencerá o torneio. O vencedor além de prêmio que recebe é “paparicado” durante todo o ano até o próximo torneio. São também eleitas Rainha e Princesa da Cavalhada que abrem o torneio e dão o desfecho da história.  Além de puxarem os cavaleiros é papel delas entregar os ramalhetes no final do torneio a todos os combatentes, simbolizando a paz entre os dois grupos. Inicialmente há um desfile pela cidade, com uma banda instrumental tocando marchinhas de carnaval a frente, seguidos pelas rainha e princesa da cavalhada e um cavaleiro, os 24 cavaleiros e cavalos atrás, devidamente ornamentados  seguidos pela população de carro ou a pé.


Desfile pela cidade

Cavaleiro representante dos Cristãos

Cavaleiro representante dos Mouros

Encenação dos cavaleiros
   

      As Cavalhadas foram introduzidas no Brasil pelos padres jesuítas durante a catequização dos índios e escravos. Um de seus registros mais antigos remonta às festas públicas promovidas pelo Conde João Maurício de Nassau, no Recife, em janeiro de 1641, quando da comemoração pela proclamação da restauração de Portugal do jugo espanhol e pela aclamação de D. João IV. 
            A partir daí a cavalhada espalhou-se pelo Brasil, principalmente em cidades das regiões centro-oeste, sudeste e sul do país.  Dentre as mais conhecidas são as da cidade de PIRENÓPOLIS, no estado de Goiás e de POCONÉ, em Mato Grosso. Em Minas Gerais elas acontecem também em BONFIM, Ouro Preto (AMARANTINA), SANTANA DO JACARÉ e outras. Segundo a história local, foi o Padre Correa, em 1906, que trouxe a tradição portuguesa para a cidade com o objetivo de simbolizar a evangelização no local. Posteriormente, o Capitão Saturnino Cardoso, que era aquele que “mandava na cidade”, manteve a batalha que, na verdade representa a paz nesta época de carnaval e em todas as outras.
                  É um espetáculo emocionante que, para quem quer algo diferente no Carnaval e/ou dar uma trégua na agitação, vale a pena conferir o evento. Outra característica interessante do município é a acolhida e receptividade do povo santanense. Bom passeio pra quem for.....

Palhaço da cavalhada

Preparados para a competição

Encontro dos cavaleiros

Duelo











































Fontes: