terça-feira, 31 de março de 2015

Minas Gerais, em cada cantinho uma surpresa...

         Depois de uma breve pausa das viagens, neste sábado, 28/03 resolvemos pegar a estrada e visitar um casal de companheiros motociclistas que conhecemos num evento em Campanha. Fato curioso, mistérios que o motociclismo nos traz: poucos minutos de conversa no café da manhã, no hotel em que nos encontrávamos e nasceu uma bonita amizade. Continuaram as conversas por telefone até que surgiu a oportunidade de visita – los.
         Saímos por volta de 09h00min  da manhã, numa viagem tranquila, sem muito tráfego, fizemos uma paradinha no Graal de Perdões para um café. Encantamos-nos com seu Espaço Cultural muito bem elaborado em menção às cidades históricas mineiras: Diamantina, Ouro Preto, Mariana, Tiradentes e São João Del Rei. Fotos, história e objetos.´


Espaço Cultural do Graal

Entrada do Graal




          


















         Chegado ao nosso destino, Bom Sucesso, facilmente achamos a loja e casa do casal José Carlos e Zilma que nos receberam calorosamente. Bom sucesso é uma cidadezinha a 20 km da Fernão Dias, com pouco mais de 17.000 habitantes cuja economia se baseia na produção leiteira.  Refrescamo-nos com uma cervejinha de aperitivo,  nos fartamos num delicioso almoço  e depois de alguns minutos de sesta fomos conhecer a cidade. Andamos por uma larga avenida até a Igreja Matriz Nossa Senhora do Bom Sucesso, na Praça Benjamim Guimarães e conhecemos os principais pontos da cidade.

Chegando

Aperitivo antes do almoço

Igreja Nossa Senhora do Bom Sucesso











        





















        Foi nesse ínterim que o casal comentou sobre uma cidade vizinha conhecida como o primeiro povoado de Minas Gerais: Ibituruna. Isso aguçou nossa curiosidade. O casal gentilmente nos levou até lá. Foi um achado. Não havíamos sequer ouvido falar deste lugar.
Ibituruna é conhecida como o “Berço da Pátria Mineira",  foi o primeiro povoado fundado em Minas Gerais, em 1674, pelo bandeirante Fernão Dias Paes Leme. Este, ao transpor o Rio Grande, estabeleceu o arraial, deixando no local um marco (pedra que marcava a sesmaria – lotes de terra) até hoje existente e muito visitado pelos turistas. Segundo Diogo de Vasconcelos, Ibituruna significa "Serra Negra" e, para Martius, "Nuvem Negra". Em 1962, Ibituruna foi emancipada, passando à categoria de município.
A saber, existiram dois tipos de expedições no processo de colonização do Brasil: as entradas e as bandeiras. A primeira era apoiada pelo governo de Portugal, com a finalidade de expandir o território, compostas em sua maioria por soldados portugueses e brasileiros e antecedeu as bandeiras que se tratavam de iniciativas particulares visando a obtenção de lucro próprio, formadas por paulistas chamados de bandeirantes com suas famílias e agregados.
Fernão Dias Pais ficou conhecido como o “Caçador de Esmeraldas”. Integrou várias bandeiras – 1638, 1644, 1661 e em 1674, já com 66 anos, atraído pela lenda das esmeraldas de Sabarabuçu e a serviço da coroa,  deixou Guaratinguetá em São Paulo, seguiu rumo ao sertão e explorou a região mineira, durante sete anos. Foi quando Certamente, atravessou o rio Verde e o rio Grande, estabelecendo-se em Ibituruna, que, segundo o célebre historiador mineiro Diogo de Vasconcelos, seria "o primeiro lar da pátria mineira", e ali teria passado a estação chuvosa (de outubro a março). Veio a falecer com 73 anos nas margens do Rio das Velhas e reza a lenda com uma porção de pedras que acreditou serem esmeraldas e que na verdade eram turmalinas.
A cidadezinha é pequena tem sua arquitetura peculiar, mas transmite uma paz tão grande. Foi realmente um achado. Viagem com sabor de história... Adoramos... Fechamos a noite num aconchegante restaurante e brindamos o motociclismo.


Antiga Estação Ferroviária

Placa comemorativa

Marco da Sesmaria
Placa na entrada da cidade
Fernão Dias, o fundador da cidade




Brindando o passeio. Obrigada amigos...






domingo, 22 de março de 2015

Outono / inverno: duas estações e um Destino...


  O verão se despede e de mansinho vem chegando o outono. Uma brisa suave já se anuncia e a temperatura timidamente cai. A baixa temperatura nos remete a um passeio maravilhoso que fizemos ano passado à Vila de Monte Verde.
            Cravada na Serra da Mantiqueira a 1.600 metros de altitude, Monte Verde é um distrito de Camanducaia, de clima frio que oscila de 25º C à –10º C e estilo europeu como Campos do Jordão, semelhança que lhe conferiu o título de "Nova Campos do Jordão". 
              Era semana do "Saco cheio" -  para entender, no Brasil, este costume começou por volta de 1982 e foi uma invenção de estudantes universitários que já estavam cansados nessa época do semestre. O dia 12 de outubro é feriado de Nossa Senhora Aparecida e dia das crianças e logo em seguida vem o dia dos professores, em 15 de outubro. Os estudantes decidiram emendar essas datas e daí surgiu a semana do saco cheio. - a vontade de pegar a estrada era grande e resolvemos ir a Monte Verde. Como sempre fazemos antes de viajar, pesquisamos sobre o lugar, reservamos uma pousada, acompanhamos a previsão do tempo e chegado o dia D partimos. A viagem foi tranquila e chegando a Camanducaia pegamos uma estrada com um trecho muito sinuoso de subida de serra com paisagens deslumbrantes que valeram os 280 km.

Roda d'água na Fazenda que deu origem a Vila

Pulando na Pedra Redonda

Na trilha...
Eu em Sampa ele em Minas
Meu chaveirinho



Iniciando o passeio para a Pedra Redonda

Conhecendo o comercio
Patinação no gelo

Máquina a vapor que gerou energia para a Vila
            
Preparada para mais uma viagem

Inicio do trecho sinuoso de acesso a Monte Verde

Portal de entrada de Monte Verde

arquitetura típica de Monte Verde

            A história da pequena Vila que hoje é um charmoso destino turístico é interessante. Monte Verde se originou e cresceu quase que exclusivamente graças à iniciativa particular de seu fundador. Quando chegou à região, em 1938, Verner Grinberg encontrou aqui exatamente o que procurava: um lugar cujo clima e belezas naturais lembravam a sua terra natal na Letônia (então república da extinta União Soviética). Foi amor à primeira vista. Depois de comprar o primeiro lote e se mudar com a família, ele adquiriu mais terras e ampliou a fazenda que, mais tarde, viria a ser transformar na vila Monte Verde. O sobrenome da família deu o nome à cidade: “grin”, verde, e “berg”, monte. As belezas naturais da região chamaram a atenção de amigos, parentes e conterrâneos, que logo começaram a comprar lotes e a formar um povoado. A fazenda começava a se transformar em uma vila. 
            E a vila foi ficando cada vez mais famosa: tema de reportagens em revistas e jornais, Monte Verde era frequentemente comparada aos Alpes e exaltada pelas belezas naturais e pela tranquilidade que o local proporcionava. 
            Na década de 90, o aquecimento do turismo levou a um crescimento inevitável: hoje o acesso é fácil e a vila conta com uma ampla infraestrutura turística. Mas Monte Verde continua sendo um refúgio para quem busca a tranquilidade, a beleza natural e o clima romântico das montanhas recebendo em  2008 o título de melhor destino de inverno do Brasil e, em 2009, o título de cidade mais romântica na votação promovida pelo site Viajeaqui e revista Quatro Rodas, da Editora Abril.
            Hoje em Monte Verde você pode realizar vários passeios: a cavalo, moto, trenzinho, bicicleta, monomotor, quadriciclo, jipe, esportes radicais,  patinação no gelo, bugue, tudo para quem gosta de curtir a natureza, ar puro e um friozinho nota 10 com um delicioso chocolate quente ou um saboroso vinho. A cidade tem uma ótima infra-estrutura hoteleira, além de variadas lojas de chocolates, queijos e vinhos, sabonetes, malhas, artigos de lã, couro, sapatos, artesanatos, cerâmicas, estanhos, etc. Também uma vasta gama de restaurantes com comidas variadas desde comida típica mineira, como o famoso tutu de feijão e leitão a pururuca, além de trutas, comida alemã e fondues. O pinhão é um produto típico e muito saboreado por todos.
Iniciando o reconhecimento
Fondue, que delícia...




            Em Monte Verde encontramos também várias opções de trilhas: Pedra Redonda, Pedra Partida, Platô, Pedra Chapéu do Bispo, Pico do Selado. Entre tantas opções optamos pela Pedra Redonda que de todos os passeios pelas montanhas é, talvez, a que proporciona a vista mais bonita de Monte Verde (embora esteja a apenas 1990 metros de altitude, enquanto que os outros picos situam-se a mais de 2000). Atingir o seu cume exige um pouquinho mais de esforço: apesar da trilha ser curta, a subida tem trechos bastante íngremes, mas o trabalho compensa quando se chega lá em cima. Aí é só sentar, relaxar e ficar curtindo o visual e você pode ainda estar em dois estados ao mesmo tempo, pois encontra – se aí exatamente o ponto de divisa entre os dois estados: Minas e São Paulo.
            Apesar de tantos atrativos, encontramos algumas dificuldades de mobilidade para motocicletas estradeiras como a nossa. Apenas a avenida principal é pavimentada. As demais ruas adjacentes são de terra e cascalho. Porém nada disso diminuiu a beleza e a receptividade das pousadas nesta aventura em Monte Verde. Vale a pena conhecer, seja no inverno ou em qualquer outra estação, pois a sensação de paz e tranquilidade é gratificante.


Confirmando o Charme do lugar
Tomando um legítimo Chopp Alemão
Chalezinho da Pousada
Passeando pela venida principal
Deixando a nossa marca
Mirante: a caminho da trilha
Curtindo a nigth


Curtindo











           



terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

CAVALHADA: uma tradição secular no Carnaval

    Sempre que rumamos a um destino de moto, no retorno temos por hábito entrar nas cidades que beiram as rodovias, para conhece – las. Normalmente vamos até a praça central, tiramos umas fotos, paramos em uma lanchonete pra um lanchinho, conversamos com moradores para saber mais sobre a cidade e se achamos legal colocamos na agenda para uma visita próxima.
            Numa dessas viagens, retornando de um Encontro Motociclístico,  em Passa Tempo, resolvemos adentrar numa pequena cidadezinha que eu já havia ouvido falar por ter tido colegas de faculdade de lá. De cara gostei da paisagem da estrada que nos leva a cidade: estrada boa, muito verde e logo na entradinha uma ponte muito estreita sobre o Rio Jacaré. Combinamos de voltar outro dia.
            Trata- se de SANTANA DO JACARÉ, uma cidadezinha encravada no alto do Rio Grande, na região sudoeste de Minas Gerais, conhecida por suas tradicionais festas religiosa. Com apenas  107,445 km²  de área, Santana do Jacaré possui uma posição geográfica privilegiada, que liga a região do Sul de Minas a duas das três principais capitais da Região Sudeste (212 km de Belo Horizonte e 410 km de São Paulo), tendo como municípios vizinhos Perdões, Cana Verde, Campo Belo, Candeias, Santo Antônio do Amparo e São Francisco de Paula. O município conta com uma população de aproximadamente 4 613 hab. (Censo IBGE/2010) e como muitas cidades do interior das Minas Gerais, nasceu do pouso de tropeiros e desbravadores, nas margens do rio Jacaré, fazendo surgir a primitiva paragem "Mata do Jacaré". Assim teve início, num período entre 1750 e 1789, a história do pequeno povoado do "Mato do Jacaré de Tamanduá". Em 28 de setembro de 1887, a lei provincial de número 3442, elevou o distrito à freguesia. Nessa ocasião o povoado aparece com a denominação de Santana do Jacaré, em homenagem talvez, à sua padroeira Sant'Ana.
Chegando em Santana do Jacaré

Entrada da cidade

Praça da Igreja de Nossa Senhora de Sant'Ana

Igreja do Rosário

            Porém, uma curiosidade nos chamou a atenção neste lugar. Ouvimos dizer que na época do carnaval, acontece em Santana do Jacaré a centenária CAVALHADA (de domingo à terça-feira). Trata – se de uma encenação de origem portuguesa que representa os torneios e as batalhas medievais entre cristãos e mouros, em especial a batalha do século VI, onde Carlos Magno, um guerreiro Cristão travou uma batalha épica contra os sarracenos, de religião islâmica, pela defesa de um território. Logo após a encenação, vem o momento mais esperado da tarde, a disputa entre todos cavaleiros por sorteio para retirada da bandeira do Brasil. O cavaleiro precisa acertar a ponta de sua lança num anel de 10 cm de diâmetro que segura a bandeira do Brasil no alto de 3 metros. A retirada da bandeira é o momento alto da festa. Em 2015 a cavalhada completa 109 anos no município. 
           Vestidos a caráter em trajes medievais, os cavaleiros, vestidos de azul representado os cristãos e de vermelho representando os mouros e, armados de lanças e espadas, doze cavaleiros de cada lado da batalha encenam o torneio em um campo de futebol, onde em todo o seu perímetro desenvolvem coreografias muito bem ensaiadas que arrancam aplausos do público munícipes e visitantes. O entusiasmo é tão grande que há torcidas e apostas em dinheiro em qual cavaleiro vencerá o torneio. O vencedor além de prêmio que recebe é “paparicado” durante todo o ano até o próximo torneio. São também eleitas Rainha e Princesa da Cavalhada que abrem o torneio e dão o desfecho da história.  Além de puxarem os cavaleiros é papel delas entregar os ramalhetes no final do torneio a todos os combatentes, simbolizando a paz entre os dois grupos. Inicialmente há um desfile pela cidade, com uma banda instrumental tocando marchinhas de carnaval a frente, seguidos pelas rainha e princesa da cavalhada e um cavaleiro, os 24 cavaleiros e cavalos atrás, devidamente ornamentados  seguidos pela população de carro ou a pé.


Desfile pela cidade

Cavaleiro representante dos Cristãos

Cavaleiro representante dos Mouros

Encenação dos cavaleiros
   

      As Cavalhadas foram introduzidas no Brasil pelos padres jesuítas durante a catequização dos índios e escravos. Um de seus registros mais antigos remonta às festas públicas promovidas pelo Conde João Maurício de Nassau, no Recife, em janeiro de 1641, quando da comemoração pela proclamação da restauração de Portugal do jugo espanhol e pela aclamação de D. João IV. 
            A partir daí a cavalhada espalhou-se pelo Brasil, principalmente em cidades das regiões centro-oeste, sudeste e sul do país.  Dentre as mais conhecidas são as da cidade de PIRENÓPOLIS, no estado de Goiás e de POCONÉ, em Mato Grosso. Em Minas Gerais elas acontecem também em BONFIM, Ouro Preto (AMARANTINA), SANTANA DO JACARÉ e outras. Segundo a história local, foi o Padre Correa, em 1906, que trouxe a tradição portuguesa para a cidade com o objetivo de simbolizar a evangelização no local. Posteriormente, o Capitão Saturnino Cardoso, que era aquele que “mandava na cidade”, manteve a batalha que, na verdade representa a paz nesta época de carnaval e em todas as outras.
                  É um espetáculo emocionante que, para quem quer algo diferente no Carnaval e/ou dar uma trégua na agitação, vale a pena conferir o evento. Outra característica interessante do município é a acolhida e receptividade do povo santanense. Bom passeio pra quem for.....

Palhaço da cavalhada

Preparados para a competição

Encontro dos cavaleiros

Duelo











































Fontes:

sábado, 31 de janeiro de 2015

Motociclismo: uma paixão pra lá de centenária....

        No último dia 23, pegamos a estrada rumo a Cambuí - MG, uma linda cidade cujo nome é popularmente atribuído a uma árvore que já foi bastante abundante na região, a "Myrciaria tenella". Cambuí é a terra do morango, do virado de banana (receita tombada pelo patrimônio Histórico e Cultural como prato típico da cidade), possui muitos atrativos turísticos  nos seus arredores como cachoeiras, Morro do Cruzeiro, Alambique Artesanal e ótimos restaurantes, pizzarias e cafés.
         Porém o que nos levou a Cambuí foi um almoço beneficente e Encontro de Motociclistas, evento que sempre participamos durante o ano, em diferentes lugares. Daí surgiu a dúvida: quando foi o inicio desses eventos? Como surgiram os moto clubes? Esta seria uma próxima matéria de nosso blog!!!
         Realizamos então uma pequena pesquisa e descobrimos uma história interessante.
      A primeira motocicleta foi construída por volta de 1868 e desde os primórdios, ela já despertava o instinto de liberdade naqueles poucos que ousavam desafiá-la.  Não demorou muito para que esses primeiros motociclistas percebessem as vantagens de viajar em grupo e Já na primeira década do século XX organizavam corridas de motos o que consequentemente aumentaria o interesse por esse meio de transporte.


Réplica da primeira motocicleta que se tem notícia


         A história do motociclismo de estrada esta diretamente associada à história dos moto clubes. Tudo começou ao final da Segunda Guerra onde ex-militares e pilotos no pós-guerra, sem  conseguir se readaptar à vida da sociedade normal,  teriam feito da moto o veículo de busca de adrenalina e aos poucos foram se reunindo e encontraram na motocicleta o meio para satisfazer seu novo estilo de vida ideal. Assim, formaram  diversos grupos como Pissed de Bastardos, 13 Rebels e os Yellow Jackets, esses da Califórnia. Desde já usavam identificação do grupo e mais tarde foram desenvolvendo os escudos (brasões) que passaram a defender e adaptavam as regras da hierarquia militar em uma irmandade como numa  associação.
            No Brasil a primeira associação fundada em 1927 foi o Moto Club do Brasil sediado na Rua Ceará do Estado do Rio de Janeiro, alguns anos depois, mais precisamente em 1932 surgiu o Motoclub de Campos. 
        A partir do movimento desses ex militares uma organização foi instituída: a AMA - American Motorcyclist Association, com objetivo de manter estes novos motociclistas, organizando competições, viagens e gincanas com um entusiasmo renovado.                  Foram vários eventos, e um em especial, ocorrido em Hollister - Califórnia, com alguns incidentes e apoiado pela imprensa sensacionalista deturparam o objetivo e a imagem do motociclista, como baderneiros, beberrões e arruaceiros. Alguns filmes de Hollywood projetaram ainda mais essa imagem, como por exemplo  "The Wild One", 1953 ( Os Selvagens), com Marlon Brando. Tais produções serviram para incentivar verdadeiros predadores a criarem moto clubes e constituírem verdadeiras gangues, o que fez da década de 50, uma página negra na história do motociclismo. Nasce nesta época também a rivalidade entre alguns clubes e o senso de território. As motos eram em sua grande maioria Harley's e passaram a ser despojadas de tudo que não fosse essencial - velocímetro, lanternas, espelhos e banco de carona - com isso ficavam mais leves e ágeis nas disputas. Esse estilo de moto ficou conhecido como Bobber, que mais tarde deu origem as chopper, que eram motos modificadas para viagens - com frente alongada e banco com encosto.

          Mais tarde, já na década de 60 as motocicletas voltaram a ser tema de Hollywood com Elvis Presley com "Roustabout" (1964) e Steve McQueen com "A Grande Fuga" (1963), alavancaram uma série de filmes sobre o tema que chegou ao seu auge com "Easy Riders" (1969) que Conta a história de dois motociclistas,  Wyatt ( Peter Fonda) e Billy ( Dennis Hopper) que viajam através do sul e sudoeste  dos EUA, com o objetivo de alcançar a liberdade pessoal. Tem no seu elenco também Jack Nicholson que ganhou o Oscar de melhor ator coadjuvante.


Steve MacQueen em Fugindo do Inferno

Personagens de Easy Riders - Sem Destino
 


 













    Finalmente vislumbra-se uma mudança na imagem do motociclista com o início da sua fase romântica,  que perdurou até o final da década de 70. Este período fixou o motociclista como ícone de liberdade. Nesta década, mais precisamente em 1969, nasce no Rio de Janeiro, o primeiro moto clube Brasileiro que seguia a nova estrutura de hierarquia e irmandade dos Moto-clubes internacionais. Estes movimentos revitalizaram a reputação do motociclista e foram responsáveis por atrair motociclistas cujo único desejo era projetar a imagem de diversão saudável, contribuição à comunidade e a liberdade.
      Neste período, no Brasil, O Vigilante Rodoviário - Série produzida pela TV Tupi entre 61 e 62 - alimentava a imaginação aventureira de jovens e adultos. A partir do final da década de 60 iniciou-se o movimento de moto-clubes dentro destas novas normas de conduta e irmandade. Daí pra frente vivenciamos então a fase romântica de encontros onde o único prazer era viajar para estar com os amigos ao pé de uma fogueira falando sobre motos viagens e sabe-se o que mais.....


O Vigilante Rodoviário - 1961


     E assim nos anos posteriores foram se tornando cada vez mais frequentes os eventos motociclísticos, em diferentes lugares e centenas de moto clubes e moto grupos foram criados. São vários os sites que divulgam tais eventos. Muitos ainda mantêm a tradição, outros tornaram - se extremamente comerciais. Ainda encontramos, mesmo que em número reduzido "arruaceiros" e "aceleradores inconvenientes", mas nada que diminua a essência do evento. Muitos moto clubes destinam as rendas dos eventos a entidades filantrópicas de suas localidades.
   O importante é que o espírito motociclístico ainda sobrevive no pensamento e na atitude daqueles que compreendem e respeitam seus valores e sua essência.


Moto clube organizador do evento

Evento em Cambuí

Despedindo do Evento em Cambuí


Fontes:
http://www.rotaxmotoclube.com.br/como_comecaram_os_moto_clubes__m.htm

www.tricustom.com.br

http://pt.wikipedia.org/wiki/Moto_clube

Sites de eventos motociclísticos:

http://www.mototour.com.br/

http://www.jacaremoto.com.br/agenda/

http://www.moto.com.br/viagens/capa.html